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O Macaco nascido de uma pedra percorreu as encostas arborizadas do Monte das Flores e dos Frutos, onde fez toda a espécie de achados. Amigáveis : veados, cabritos, esquilos, rouxinóis, ... . E menos amigáveis : Tigres, panteras, caçadores furtivos, ... . Vagabundeou até que um dia o seu caminho o levou ao povo dos macacos. Quando o seu olhar se cruzou com o de uma linda macaca sentiu que tinha que viver entre os seus semelhantes ...
O povo dos macacos depressa aceitou o recém-chegado que se mostrava tão astuto. As suas palhaçadas alegravam os gorilas, os malabarismos espantavam os chimpazés, as suas graças encantavam as macacas. Apreciado por todos, passou a partilhar a vida dos seus semelhantes. Vida sem grandes cuidados, pois mais não era preciso fazer mais do que esticar o braço e colher frutos. As árvores são ao mesmo tempo a sua casa e o seu celeiro.
Mas o Macaco aborrecia-se um pouco com aquela vida sedentária. Procurava sempre maneira de se distrair. Um dia de Primavera em que os macacos chafurdavam nas águas de uma torrente, ele propôs :
- Eh, amigos, vamos subir o rio até à nascente !
Os outros aplaudiram a ideia e lá vão eles a caminho. subiram a encosta, escalaram rochedos, até que, numa curva do caminho, encontraram uma cascata. Parecia uma gigantesca cortina de pérolas. Era tão impressionante que todos os macacos estancaram imóveis sem ousar dar mais um passo.
Foi então que um velho chimpazé, que, por ter vivido entre os homens (tinha sido mesmo macaco sábio na corte do Imperador), tinha sempre ideias extravagantes, sugeriu :
- Quem tiver coragem de passar a cascata será nosso rei !
- De acordo ! - responderam os outros sem saber o que queria dizer rei.
Só o macaco nascido da pedra teve audácia para avançar.
Respirou fundo e mergulhou nas águas agitadas.
Chegado ao outro lado encontrou uma entrada de uma caverna, por onde se aventurou. Descobriu uma sala subterrânea ornamentada de colunas e esculturas talhadas na pedra, galerias e câmaras onde havia cadeirões,mesas e outros móveis de pedra. Era um palácio abandonado mas bem conservado.
O Macaco voltou para trás e atravessou de novo a cascata.
Os outros aplaudiram, felizes por finalmente o verem regressar.
-Eh, amigos, vinde comigo para a nossa nova morada ! Não tenham medo, o único risco é o de ficarem molhados !
Um a um os macacos atravessaram a água e espalharam-se pelo palácio subterrâneo. Subiram para as mesas de pedra, treparam pelas colunas, bisbilhotaram tudo, soltando gritos.
O Macaco, que tinha perguntado ao chimpazé o que era um rei, subiu para um cadeirão alto para se servir dele como trono e gritou :
- Eh, amigos, escutai ! Todos vos divertis no palácio que descobri para vós. Sereis ingratos ? Ter-vos-eis esquecido de cumprir a vossa palavra ? Que esperais para me proclamar Rei dos Macacos ?
Todo o povo dos macacos parara de brincar e ficara imóvel, pois não sabia o que fazer.
O velho chimpazé começou a mostrar. Avançou diante do trono, uniu as mãos e prostrou-se de rosto no chão. Todos os outros o imitaram. Depois gritou :
-Longa vida ao nosso rei ! Que o seu reino dure mais de dez mil anos !!!!
E todo o povo dos macacos repetiu em coro as suas palavras.
Os macacos tinham agora um rei, as suas vidas iam mudar.
..... continua .....