quinta-feira, 23 de abril de 2015

NA 
MARGEM 
DO 
RIACHO


Num dia quente de verão, Buda disse a Ananda :
- Estou a sentir-me cansado e com muita sede. Passámos há algum tempo por um pequeno riacho. Vai lá, leva a minha tigela e traz-me um pouco de água.
Ananda voltou para trás pensando :
- Atravessámos o ribeiro enchendo-o de lama, as folhas secas que tinham assentado no fundo estarão à superfície, não será possível beber aquela água. 
De facto, quando lá chegou estava demasiado suja. Regressou de mãos vazias.
- Vais ter de esperar um pouco. Disseram-me que há um rio um pouco mais à frente. Vou lá buscar água.
Mas Buda pediu que lhe trouxesse água do riacho lá atrás.
Ananda não percebeu a insistência. Tamanho absurdo. Ter que andar todo aquele caminho para trás sabendo que a água não prestava para beber.
Foi e quando se ia a afastar, Buda disse-lhe :
- Não voltes se a água ainda estiver suja. Simplesmente senta-te quieto na margem, não faças nada, não entres no riacho. Senta-te quieto e observa. Mais tarde ou mais cedo a água vai ficar limpa outra vez e então podes encher a tigela e regressar.
Voltou Ananda ao riacho. A água estava mais límpida. Buda tinha razão. Mesmo assim ainda havia folhas a flutuar e poeira em suspensão.
Sentou-se a ver o riacho a correr que pouco a pouco se tornou cristalino.
Feliz, Ananda regressou, deu a água a Buda, agradeceu-lhe e ajoelhou-se.
- Que está a fazer ? Eu é que te devo agradecer por me teres trazido água. - disse-lhe Buda.



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